segunda-feira, fevereiro 28, 2011

adaptando o slogan da Matinal: "Se eu não cuidar de mim, quem cuidará?"

Nota: o vimeo apagou-me os vídeos todos… por isso é provável que alguns dos posts não apresentem os respectivos vídeos. Para todo o caso não se preocupem, que vou repô-los de sites onde os encontre… meh pra mim.

Esta música é das minhas preferidas, e totalmente adequada ao tema:


Don't do love, don't do friends
(Não faço amores, não faço amigos)
I'm only after success
(Estou apenas atrás de sucesso)
Don't need a relationship
(Não preciso de uma relação)
I'll never soften my grip
(Nunca vou perder o controlo)

E isto é uma óptima filosofia de vida.
Eu em primeiro lugar.
Já estou a sentir que quando lerem isto pensam “ai que horror, que coisa mais egocêntrica”
E eu respondo “e porque é que o egocentrismo tem de ser conotado como algo mau?”
A verdade é que se não nos virarmos para nós, com quem é que contamos?
Com a boa vontade do vizinho do lado?
Aham, pois.
A solidariedade e o amor pelo próximo já morreram e esqueceram-se de anunciar a data do velório no telejornal.
Eu não encaro o egocentrismo como o egoísmo, são coisas diferentes.
Pensar em nós próprios primeiro, não implica que não pensemos nos outros, egocentrismo não é egoísmo. Uma pessoa egocêntrica pode ser generosa, e uma pessoa que supostamente pensa sempre em toda a gente menos em si pode ser completamente egoísta.
Isto implica que por muito que toda a gente se esforce em mostrar uma faceta solidária e generosa, ninguém quer saber de ninguém a não ser de si mesmo.
Ainda este fim de semana fui doar roupa para a cruz vermelha.
E acho que só esta frase deu logo uns pontinhos de “Ooooh és tão caridoso Ricardo”.
Mas eu – tal como 90% das pessoas que contribuíram para esta campanha – só dei roupa que já não queria.
Não me senti realizado, porque basicamente foi o mesmo que ir ao ecoponto. Ponho lá coisas que não quero nem preciso para nada, e alguém lhes dá um bom uso.
Isto não é a meu ver solidariedade, não fiquei com aquela sensação de recompensa na barriga nem me senti uma pessoa melhor… foi tudo uma questão prática.
No momento a seguir fui às compras e nem pensei mais nos pobrezinhos… ai esperem, pessoas carenciadas, assim é mais politicamente correcto, embora toda a gente pense sempre na 1ª opção antes de dizer a 2ª.
A verdade é que como eu quase toda a gente acaba por funcionar assim.

E porquê?

Porque vivemos numa sociedade cada vez mais agressiva, competitiva e mercenária (e não, não a trocava por uma mais zen e toda amiguinha e sem sal, não tenho paciência pa pensamentos hippies), e como tal viramo-nos para a regra mais antiga de sempre:
A sobrevivência do mais forte.
E o mais forte é aquele que cuida de si e dos seus em prol dos outros.
Por exemplo, ninguém quer saber da velhota que morreu sozinha e ficou lá 9 anos a apodrecer no apartamento.
…, e muito menos dos outros velhotes que morreram a seguir e iam pelo mesmo caminho.
De certeza que não foi agora que começaram a morrer pessoas idosas em casa, logo a seguir a saber-se da história da Dona não sei das quantas (que a sua alminha esteja descansada tadinha).
Se alguém se importasse eles não morriam sozinhos, não sejamos hipócritas, façam-me esse favor.
Na semana em que esta (triste) notícia saiu e andava aí o “tchan” de interesse mediático pelos velhotes tristes e abandonados deste país, era só ver correntes de solidariedade.
Era “ai coitadinhos deles” pra cá “ai ninguém merece um fim tão trágico” para lá, e aqueles filhos que têm os pais nos lares apressaram-se a ir lá fazer a visitinha de médicos só para se sentirem melhor e poderem inchar o peito e dizer “eu cá não sou como os filhos dessa senhora, preocupo-me com os meus”.
Mas quando a notícia começou a perder o interesse mediático e voltaram as câmaras para outros assuntos, as pessoas literalmente cagaram prós velhotes e continuaram a vidinha delas.
Chega ao natal “vamos todos contribuir para as crianças pobrezinhas, afinal é natal” e dão brinquedinhos e vestem-se de pais natais e vão fazer caridade e solidariedade até À exaustão.
Depois passa o natal, e aparentemente as criancinhas pobres já não precisam da roupa dos brinquedos ou da comidinha, então voltam todos À sua rotina e deixam os otários do costume a fazer o voluntariado, para só voltarem todos a ser solidários na época de natal.
E é sempre assim que se processa.
E as pessoas que fazem isto são logo automaticamente vistas como muito fofinhas e queridas e solidárias e blablabla, mas a verdade é que só são solidárias quando têm crises de remorsos, da vida egocêntrica que vivem.
O grande problema disto tudo é que o egocentrismo é sempre visto como uma coisa extremamente negativa, e as pessoas que seguem essa… “doutrina” são sempre mal faladas, como se estivessem a fazer mal em olharem por si primeiro.
E eu acho isto bastante idiota, porque quer-se dizer, a verdade é que o egocentrismo não passa de uma gestão de vida inteligente.
No penúltimo post que fiz falei dos amigos confessionários… e a verdade é que (choquem-se) eu estou-me a cagar para os problemas de mais de metade das pessoas que se vêm confessar a mim, tal como elas não querem saber dos meus. E nem vejo qual é o problema nisso.

É nestas alturas que eu me questiono sobre o que as pessoas querem realmente.
A sério.
Vejamos, hoje em dia atingir a independência, é o sonho de toda a gente, não interessa que tipo de independência, o que interessa é que cada vez mais é tida como “meta dourada”. E o que é o egocentrismo, senão uma forma eficaz de atingir essa independência?
Sim, porque muitas pessoas o usam durante a sua vida, mas quando adquirem a tal tão desejada independência, queixam-se de que ninguém quer saber de si para nada, quando se preocuparam em que ninguém dependesse de si ou eles próprios dependerem de alguém… tecnicamente é assim que as coisas se processam... né?

PS: amanhã respondo aos comments dos dois últimos posts :P

[A ouvir: Let me Know -Gabriela Cillmi]
[Humor: Ácido]

2 comentários:

  1. Yellow! Já n comento aqui há bués, tenho lido de vez em quanto, mas depois dá preguiça... xD
    Concordo 100% contigo nisso da solidariedade. A maior parte das pessoas só o faz para parecer bem ou porque tem remorsos, mas esquecem-se de que as pessoas precisam de ajuda sempre e não só quando os media andam mais em cima dos assuntos... Parece as discussões das aulas de Filosofia.
    E o teu lema.
    Óptimo post =D

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  2. Azeitona
    Alu! não faz mal!
    Eu sei que há pessoas solidárias, mas não são nem metade das que o dizem ser :P

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