quarta-feira, junho 15, 2011

Ai diz que disse!

Conversa entre a H e a P*:
H: “Sabes, a K está grávida”
P: “Não está nada! Acho que só está um bocado mais gorda”
H: “Está sim, o W disse-me que a prima dela sabe por fonte segura que ela está grávida e não sabem quem é o pai”
P: ”Ai, mas isso nem faz sentido, ela até tem namorado”
H: “Oh, mas aquele coitado tem um par de cornos maior que eu, não duvido nada do que o W me disse”
P: “Mas já perguntaste à K?”
H: “Oh, não vou falar com ela duma coisa dessas”
Pois claro.
É imensamente mau ir perguntar à K uma “coisa dessas”.
Mas não é nada mau andar a espalhar boatos sobre a K.
Isso sim, é uma coisa perfeitamente aceitável.
Não é nenhuma novidade, nem nada que tenha surgido há pouco tempo, mas é uma coisa que sempre me fez confusão, quer me envolvesse ou não.

Os rumores nascem geralmente por falta de conhecimento. Porque especular é bastante mais fácil do que tentar ver o que se passa com a K. porque as pessoas têm naturalmente a tendência a aceitar com maior facilidade que lhes digam coisas negativas sobre outras pessoas, do que o contrário.

Por esta altura acho bem explicitar que não me vou por a dar lições de moral a ninguém, até porque é o mesmo que falar em latim com um periquito, tenho a certeza que não vai entrar lição de moral nenhuma… e se querem lições de moral, fechem o blog e vão ler uma fábula de La fontaine ou assim. Há um bom tempo atrás disse que acho ridículo que se apregoe que nunca se deve falar mal das outras pessoas… até porque toda a gente o faz… mas de falar mal com os amigos assim num clima de descontracção, a inventar uma qualquer farpa caluniosa que pode marcar a pessoa ainda vão uns bons passos.

Como eu já disse também há algum tempo (e voltei a referir mais recentemente) as palavras são a pior arma… mas acho que é uma arma que se deve usar em confronto directo, como uma espada. Não é para se espalharem por aí como minas anti pessoais que podem rebentar para cima de qualquer um.
Começa tudo com uma falta de entendimento de qualquer espécie. Pode ser até falta de compreensão de uma pessoa para com outra, o que interessa é que isso vai levar a que a pessoa idiota invente uma qualquer coisa. E essa coisa é espalhada no círculo social dessa pessoa idiota. E quando damos por ela, os círculos de todas as pessoas que conhecem a pessoa que espalhou o boato inicial já andam a espalhar esse mesmo boato, se não for um ainda mais retorcido e alterado pelo calor do momento de transmissão, porque as palavras acabam por sofrer alterações, nem é por mal, é natural que haja a dada altura falha de informação.
E as pessoas a dada altura já estão certas que seja verdade, porque mal por mal, foram pessoas conhecidas que lhes disseram. E entra-se num ciclo.
E a pessoa que é alvo desse boato fica de fora, sem saber que lhe estão a devassar a vida de forma completamente podre.

Se confrontarmos a pessoa que inventou o boato, arriscamo-nos a ouvir um “o que é que tens a ver com isso?” ou um “estou a ser bem-educado”.
E eu acho bonito. Acho bonito porque é boa educação não confrontar as pessoas. É boa educação deturpar verdades ou simplesmente criar mentiras, é de bom-tom ser simpático pela frente e andar a envenenar mundos e fundos contra outra pessoa pelas costas.
É por estas e por outras que eu às vezes até quase louvo aqueles retardados que andam à porrada por causa do facebook ou dum telemóvel. Porque ao menos esses, mesmo que da maneira mais extrema e desaconselhável possível enfrentam. Se não gostam dizem, não andam com duplicidades desnecessárias.
Os rumores são um bocado como uma caneta de tinta permanente. Se não os apagamos suficientemente cedo, arriscamo-nos a que deixem marcas. E por mais que não seja importante o que pensam ou dizem de nós, não conheço ninguém que seja de ferro.

Tenho a dizer que se eu fosse a K e descobrisse que me tinham engravidado por arrasto, cabeças iam rolar. Oh se iam.

E vocês?
Já alguma vez foram vítimas de um rumor? conheceram alguem que tenha sido?
Como lidaram com a situação (em qualquer um dos casos)?
Vá, já sabem, leiam, comentem subscrevam... eu amanhã respondo aos comentários todos.


*Conversa fictícia. qualquer semelhança com a realidade só é prova que não estou a falar de nada muito incomum.

[A ouvir: Pontual - Tulipa Ruiz]
[Humor: Calorento]

4 comentários:

  1. Eu tinha um boato na univ sobre um colega que era gay.... mas como eu sou um gajo pouco directo, xeguei só ao pé dele e perguntei: "És gay" -> end of boato xD

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  2. Tenho uma amiga que só fez a praxe no segundo ano porque no primeiro faltou demasiadas vezes e em tribunal de praxe decidiram que ela teria que repetir. mas espalharam entre os caloiros que foi porque tinha engravidado e feito um aborto...O certo é que ela só soube o que diziam quase no 3º :S
    Nesse mesmo ano espalharam também que eu namorava com um amigo da minha turma só porque nos davamos muito bem e combinavamos jantares, cafés e praxes juntos. Uma das raparigas que andava atras dele deixou de me falar e ainda hoje nao me fala porque ele na brincadeira com ela confirmou o boato e ela, por mais que lhe digam que foi tudo mentira, nao acredita.

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  3. ja fui vitima de um boato.
    estava gravida e o pai do meu filho terminou comigo, na terrinha onde morava, começaram a dizer que eu não sabia quem era o pai da criança e que tinha uma lista enorme de pessoas posiveis (isto eu so soube uns anos depois)
    de tipa-com-a-mania-que-é-boa-e-não-liga-a-ninguém, passei a-vaca-que-dormiu-com-a-aldeia-toda.
    como será previsivel, isolei-me em casa, ganhei uma depressao e mudei a minha vida radicalmente

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  4. Xuleta
    Looool sim, acho que isso não foi bem fim de boato nenhum, mas pronto.
    Caracóis
    Pelos vistos toda a gente gosta de inventar gravidezes. sua badalhoca xD. essa tua colega era uma bela peça xD
    Perazita
    são estas coisas que me fizeram pensar neste post. estas coisas até me dão tonturas

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